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Politicamente incorreto
“Violência política” e “liberdade de expressão” são termos utilizados quando o alvo é um homem branco de direita.
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Um nazista foi assassinado. Levou um tiro no pescoço durante um evento numa universidade, diante dos estudantes que ele pretendia doutrinar com as suas declarações racistas e misóginas de sempre. Na mídia, muito se falou em “violência política” e “liberdade de expressão” – termos que só são utilizados quando o alvo é um homem branco de direita.
Em janeiro, uma representante democrata do estado americano do Minnesota foi morta a tiros (junto com o marido e o cachorro do casal). Em outra cidade, um senador e a sua esposa também foram alvejados. No carro do suspeito apreendido, havia uma lista de quase 70 pessoas que ele pretendia matar, todos democratas ou defensores do aborto. No país, não houve nem metade da comoção.
Lembro que, quando Marielle Franco e seu motorista foram assassinados, espalharam nos grupinhos de WhatsApp uma foto (falsa) da vereadora “sentada no colo de um traficante”, tudo para desqualificar as mortes. Veja, não foi político, ela estava envolvida com o crime, foi isso. Que eu saiba, ninguém perdeu o emprego por propagar a fake news.
Já o caso do nazista morto é diferente. Ele tinha filhos. Era jovem. Estava apenas debatendo ideias. A violência nunca é a resposta. Toda essa ladainha que o lado de lá, o que “metralha a petralhada”, só reserva aos seus. Quem se referiu ao nazista como um nazista, ah, estes sim foram demitidos. Jornalistas, autores e até o apresentador Jimmy Kimmel.
A autora trans Gretchen Felker-Martin teve a sua HQ, “Red Rood”, cancelada pela DC. A primeira edição foi recolhida e as lojas foram ressarcidas. No Bluesky, ela lembrou que ainda é possível comprar as obras de Neil Gaiman – acusado de assédio sexual e estupro – pela editora. E de outras figuras problemáticas, como Otto Schmidt, Eddie Berganza e Frank Miller.
Nesse interim, um âncora da emissora Fox News defendeu o extermínio de pessoas sem teto com problemas mentais. Pediu desculpas como quem tivesse dito que a capital do Brasil é Buenos Aires e segue lá. Quando morrer, ninguém poderá dizer o óbvio – que defendeu a eugenia, diante das câmeras.
Reclamavam tanto da “patrulha do politicamente correto”, de não poderem mais fazer comentários racistas, homofóbicos etc., mesmo quando as consequências nunca se vertiam em nada além de um burburinho raivoso nas redes sociais, que agora criaram a “patrulha do politicamente incorreto”.
Ou chora pelo nazista ou perde o emprego.